Responsabilidades do tutor(a)

METODOLOGIA DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS

O método PBL (Problem Based Learning -) é uma estratégia pedagógico/didática centrada no aluno. Tem sido aplicada em algumas escolas nos últimos 30 anos e trata-se de um método de eficiência comprovada por inúmeras pesquisas no campo da psicopedagogia e da avaliação de desempenho dos profissionais formados por esse método. Não se trata portanto, de método experimental.

As escolas pioneiras na adoção do método são as escolas de McMaster, no Canadá e a de Maastricht, na Holanda. Na última década o método tem se difundido e outras escolas o têm adotado. Nos Estados Unidos as escolas de Albuquerque, de Harvard, do Hawai, entre outras, o adotaram. O método tem sido recomendado pelas Sociedades de Escolas, e inúmeras escolas da África, da Ásia e da América Latina, sob supervisão de uma das duas pioneiras, o têm aplicado. Escolas da área da saúde, como Medicina, enfermagem, fisioterapia, veterinária e odontologia têm adotado o método com sucesso e, mais recentemente, escolas das áreas de humanas, tais como a Faculdade de Economia da Universidade de Maastricht, e algumas escolas de engenharia dos Estados Unidos, por exemplo.

Para os docentes, este método traz algumas vantagens. Embora exija dedicação e esforço para sua montagem e supervisão, na somatória, acaba liberando tempo para as atividades de investigação e laboratório, tantas vezes tornadas impossíveis pela rotina das atividades disciplinares. Para os alunos, até onde se pode constatar, traz a vantagem de um curso que eles apreciam com evidente satisfação psicológica de serem participantes ativos de seu processo de aprendizagem.

O tutor é um membro do corpo docente que participa de um grupo tutorial. Esta participação ocorre pelo tempo de um módulo temático, no qual são discutidos temas afins, e dura algumas semanas. O tutor deve ter, basicamente, duas características:

1. Deve conhecer tecnicamente os temas do módulo temático do qual é tutor. Não há dúvidas de que um tutor que domine os temas do módulo temático desempenhará melhor seu papel do que um tutor que não domine estes temas. Entretanto, o tutor não necessita de ser um especialista em cada um dos temas a serem desenvolvidos no módulo temático. Há uma pequena tendência do especialista a se tornar professoral, isto é, a "dar aula", o que não é apreciado pelos alunos e atrapalha o desenvolvimento do trabalho do grupo. Contudo, o indivíduo que não domina o assunto do tema não tem condições de reorientar a discussão do grupo quando ela se desvia do eixo proposto pelo problema. Por outro lado, mesmo um tutor que conheça aprofundadamente o tema não poderá salvar a discussão quando o problema estiver mal estruturado para atingir os objetivos propostos.

2. Deve conhecer muito bem o papel do tutor. O tutor deve, no grupo tutorial, abrir os trabalhos, apresentar-se aos alunos e a eles entre si, conferir as presenças e observar criticamente a discussão. Esta observação crítica refere-se às competências dos membros do grupo, tais como as do coordenador e as do secretário, à participação dos alunos na discussão, à qualidade da discussão. Neste tópico a interferência deve ser a mínima necessária para que os alunos se atenham ao problema, corrigindo rumos quando ela se afastar do tema proposto, sempre tendo por referência o enunciado do problema e os conhecimentos que tem sobre os objetivos de aprendizado que o problema pretende que os alunos atinjam. Um problema de boa qualidade, bem estruturado e motivador, em um grupo experiente, talvez dispense qualquer intervenção crítica do tutor, que passa a ser um observador da discussão. Em tese, esta é a situação ideal. Ela frequentemente sofre interferências conjunturais - rivalidades entre membros do grupo, tendência de um dos membros a monopolizar a discussão e dar aula sobre o tema, inconformismo de algum membro com o rumo tomado pela maioria dos outros membros. Nestas situações é conveniente que o tutor interfira e aponte para o grupo o problema que está ocorrendo. Cabe também ao tutor estar atento para problemas que os alunos possam estar enfrentando - um aluno persistentemente alheio ao trabalho, ou que apresente dificuldades de relacionamento, ou que não desenvolva trabalhos de estudo individual e não contribua para o trabalho do grupo deve ser chamado para uma conversa individual na qual seu desempenho possa ser discutido. O tutor deve ainda ter conhecimentos sobre a estrutura do currículo, a disponibilidade dos recursos para o estudo individual dos alunos e o sistema de avaliação empregado.

São qualidades do tutor o interesse pelo trabalho do grupo, o respeito pela opinião dos alunos, a disponibilidade para a orientação e o incentivo ao trabalho. São também da responsabilidade do tutor a avaliação dos alunos, a avaliação crítica da qualidade dos problemas para um adequado retorno de informações à Comissão de Elaboração de Problemas, a sugestão de correções de imperfeições observadas. São defeitos do tutor o desinteresse pelo trabalho do grupo (este é o defeito reportado pelos alunos como o pior), a tendência a dar aulas sobre o tema (este o segundo pior defeito), o desconhecimento dos recursos disponíveis para que os alunos possam realizar seus estudos individuais.

 

FUNÇÕES DO(A)TUTOR(A):

  1. O tutor não participa da discussão, permanece como observador.
  2. Interferir quando os alunos se afastam dos objetivos propostos ou chegam as conclusões erradas sobre um tópico, mas não deve responder quanto ao conteúdo, apenas redireciona a discussão.
  3. Não deve nenhum momento dar explicações ou aulas.
  4. Pode realizar as funçoes do(a) aluno-coordenador(a), caso esse não as cumpra.
  5. Registrar o andamento da discussão e a avaliação ao final da sessão.
  6. Orientar o grupo/cada aluno nas suas dificuldades, apontando as falhas observadas de forma construtiva.